Buenos Aires, o autêntico sabor da Argentina

TEXTO E FOTOS: CLAUDIA TONACO

Buenos Aires é absoluta para os viajantes. Com uma identidade urbana marcante e bem definida, oferece muitos caminhos para o turista percorrer, se envolver e criar uma história pessoal pela cidade. Buenos Aires continua imbatível quando esses mesmos viajantes procuram autenticidade.

O tempo passou, as imagens são outras mas a essência é a mesma de quando José Luís Borges publicou, em 1923, “Fervor em Buenos Aires”, seu primeiro livro de poemas. De lá para cá, a elegante capital da Argentina viveu histórias que ultrapassam a imaginação de seus mais renomados escritores. Um bom exemplo é a do seu nascimento. Buenos Aires foi fundada duas vezes.

Em 1536, Pedro de Mendoza batizou uma pequena vila com o nome de “Nuestra Señora de Santa Maria Del Buen Ayre”. Os índios, aguerridos, atacaram a vila destruindo-a até que em 1580, um outro espanhol – Juan de Garay – refundou-a no mesmo local, mudando o nome para “La Trinidad y Puerto de Santa Maria de Los Buenos Ayres”.

A capital da Argentina é sofisticada e hospitaleira como seus moradores. Correto seria dizer que quem nasce em Buenos Aires é um “bonaerense” mas prevaleceu a denominação portenho. O nome significa portuários, ou seja, aqueles que vivem junto ao porto. Os portenhos são quase um povo à parte dentro da Argentina, orgulhosos de suas raízes e tradições.

Vista de Puerto Madero ao entardecer
Um passeio pelo universo portenho

Vencendo o tempo e os contra-tempos, a maior vitória da “Rainha do Prata” foi manter o irresistível charme, grande atração junto aos turistas. Belas construções, imponentes monumentos, o inegável traço europeu, as largas avenidas e os parques sempre floridos e bem cuidados fazem do ato de caminhar, um prazeroso programa de eterno reconhecimento.

Para completar o roteiro, é imprescindível programar visitas aos excelentes restaurantes e cafés, aos importantes museus e galerias de arte, assim como mergulhar na vida boêmia e cultural local, com suas casas de tango, teatros e cinemas e ainda conhecer o comércio variado, que vai do super pop ao extremamente sofisticado.

Passear por Buenos Aires é uma festa para os sentidos, um exercício de alegre criatividade. Antes de qualquer programação mais específica, inclua um city tour inaugural, mesmo que você seja um habitué da cidade. Embora Buenos Aires continue a mesma, regiões inteiras passaram por uma completa restauração. Para estreantes ou velhos conhecedores, vale visitar grandes cartões postais como a "Plaza de Mayo", cercada de importantes prédios e monumentos históricos.

Diversão, cultura e compras fazem parte do roteiro turístico na capital portenha


O conjunto histórico e arquitetônico da Plaza de Mayo

Centro dos acontecimentos políticos e das manifestações sociais do país desde a sua origem, a praça de Maio teve vários nomes: praça do Forte, das Armas, do Mercado e da Vitória. Recebeu o seu nome atual em 1810, após a declaração de independência feita em 25 de maio daquele mesmo ano. Palco dos “panelaços”, foi marcada por um sem número de protestos da população ao longo da sua história que se confunde com a da nação.

Entre todos os eventos, a praça passou a ser lembrada como o ponto de encontro das “Mães de Maio”, que ali se reuniam todas as quintas-feiras para pedir informações e exigir a punição dos culpados pelo desaparecimento de seus filhos, durante o período da ditadura militar.

Entorno da praça de Maio inclui Casa Rosada (ao fundo)...

A Casa Rosada é a mais importante, dentre as construções históricas situadas ao redor da praça de Maio. O palácio do governo, sede da presidência da república, foi construído em 1894 no local onde originariamente se erguia um antigo forte militar. Seu estilo exibe traços da arquitetura italiana e sua célebre cor rosada tem muito mais relação com questões econômicas da época do que propriamente um capricho estético. O alto custo das tintas européias fez com que o palácio fosse pintado com uma mistura de cal e sangue de boi.

A praça de Maio costuma ficar repleta de espectadores durante a troca da guarda, cerimônia que acontece várias vezes ao dia e é feita pelo “Regimiento de Granaderos a Caballo General San Martin”. A corporação, fundada em 1813, ainda preserva o cerimonial e a pompa tradicional da época.

...o antigo Cabildo...

Outro prédio que guarda a história da cidade e da nação é o Cabildo. Esse edifício do século 18 foi o ponto de convergência das manifestações pró-independência, em 1810. Sede do governo municipal e, após a independência, da primeira junta de governo da Argentina, abriga hoje um museu histórico de artefatos, com acervo diversificado. Ao lado do Cabildo está a catedral metropolitana, em estilo neoclássico e em cujo interior está o mausoléu do general San Martin, herói da independência.

...e a catedral de Buenos Aires

Tango e vida boêmia pelas ruas da capital

Buenos Aires é também o reduto das lendas de noitadas intermináveis, da vida noturna agitada e apaixonada. O bairro de San Thelmo traduz com perfeição os hábitos boêmios dos portenhos. Programa obrigatório para as manhãs e tardes de domingo, a feira de antiguidades de San Telmo acontece das 10h às 18h. Nela pode-se encontrar da mais autêntica quinquilharia até peças de antiquário de real valor. Garimpar e pechinchar são palavras de ordem.

Nos áureos tempos da boemia engajada, a feira costuma abrir no mesmo instante em que fechavam-se as portas das mais concorridas tanguerias do bairro e as ruas ganhavam um colorido inusitado com a mistura de notívagos, turistas madrugadores e donos das barraquinhas de antiguidades em processo de montagem da feira.

Feira de antiguidades de San Telmo é atração dominical

relembrar esses tempos, shows de tango e recitais de música tradicional argentina se espalham em cada esquina de San Telmo, uma atração a mais para o visitante dominical que ainda pode aproveitar para conhecer a culinária típica dos ótimos restaurantes populares do bairro.

O tango é mesmo a grande paixão portenha. Os argentinos costumam chamar essa dança sedutora de “tristeza que se baila”. Só depois de dançar ou assistir um show de tango é que se você vai poder dizer que esteve em Buenos Aires.

Em San Telmo, quem quiser enveredar com mais profundidade pelos caminhos do tango, deve fazê-lo em casas tradicionais. A mais famosa é “El Viejo Almacén”, que reconstitui o clássico ambiente mal iluminado e enfumaçado, cenário imprescindível para acentuar as emoções que dançam o amor angustiado. A casa funciona de segunda a domingo, à partir das 20h, como restaurante. O shows acontecem de domingo a quinta, sempre às 22h, com duração de 1h50.

Outra local bastante conhecido é o Casablanca, que oferece shows de tango e apresentações folclóricas. Por fim, há o Bar Sur, uma tangueria que funciona desde a década de 60 faz questão de divulgar que seus espetáculos não são para exportação mas procuram tratar o tango como um genuíno artigo cultural argentino.

Turista dança tango em San Telmo

Um pouco mais afastado do centro, por Caminito corre a veia artística portenha. Pelas ruas coloridas o viajante encontra uma síntese do artesanato e uma variedade em trabalhos simples, porém carregados de preciosismo, feito pelos artistas locais, como aquarelas e telas à óleo, vendidos por preços módicos, uma ótima lembrança de viagem.

Enquanto inspeciona os estandes dos artistas, o visitante cruza com dançarinos de tango, performistas, fotógrafos bem ao estilo lambe-lambe e músicos que saem pelas ruas apresentando números musicais e de dança. Agradável e hospitaleiro, Caminito oferece boas opções de bares e cafés com mesinhas na calçada.

Em Caminito, Gardel, Evita e Maradona dão as boas vindas aos turistas

Visitar o cemitério da Recoleta é programa inusitado e obrigatórioEm Buenos Aires, quem não está enterrado no cemitério da Recoleta, nunca existiu. A frase é levada a sério por gerações e gerações de argentinos que fazem visitas e passeios assíduos pelos quatro hectares do cemitério mais famoso da América do Sul. Ali estão enterrados protagonistas da história nacional, personagens da elite e celebridades, o que acabou por transformar o cemitério da Recoleta, a exemplo do de Montparnasse, em Paris, numa das principais atrações turísticas da cidade.

Entre tantos mausoléus, o turista pode sentir toda a pompa e a formalidade do povo argentino refletida até na hora da morte. Mesmo sendo um programa pitoresco, é interessante caminhar pelas alas do cemitério, observando as imponentes esculturas que procuravam através do luxo e da ostentação das imagens esculpidas, retratar o poder dos ali enterrados.

Dos sete mil túmulos, 70 tombados pelo patrimônio histórico nacional, o mais visitado é o Evita Perón, com o seu célebre epitáfio: “Não chore por mim Artentina”. Para chegar até os principais é aconselhável fazer uma visita guiada, que custa aproximadamente um dólar, dura uma hora e meia e acontece aos sábados e domingos.

Cemitério da Recoleta é o mais turístico da América do Sul

Teatro Colón é cartão postal cultural

Assistir um espetáculo ou apenas conhecer o interior do teatro Colón é outra boa sugestão de passeio. Palco onde se apresentaram alguns dos mais talentosos artistas de todos os tempos, o Colón é um monumento que espelha a rica cultura Argentina.

O prédio se destaca pelo imponente estilo renascentista, com um toque afrancesado. Seu interior, luxuoso, foi decorado com sete tipos de mármores. O autêntico vitral da casa Gaudin, de Paris, o soberbo afresco no teto e o lampadário com sete metros de diâmetro, 700 lâmpadas e quase duas toneladas, causam furor logo na entrada.

São tantas as histórias guardadas que o mais recomendável é fazer um tour guiado, para saber fatos e curiosidades da alta vida cultural de Buenos Aires. O museu do teatro guarda relíquias das apresentações, entre outros, de ícones como Nijinski, Maria Callas, Toscanini, Richard Strauss e Rudolf Nureyev. Para os fãs do gênero, vale sabe que a temporada lírica tem início em maio e vai até o mês de novembro.

Fachada do teatro Colón

Curtindo Puerto Madero

Outro passeio imperdível, Puerto Madero, hoje point dos modernos e descolados é a feliz realização de um projeto de revitalização do antigo Porto de Buenos Aires, que foi inaugurado em 1887 mas foi rapidamente desativado.

Desde 1925 intelectuais e segmentos importantes da população iniciaram uma campanha de conscientização para a restauração do maravilhoso espaço. A batalha durou anos e só terminou em 1987, quando finalmente o projeto foi aprovado.

Puerto Madero, à noite

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Observação: os preços são por pessoa em apartamento duplo, sujeitos a alteração sem aviso prévio

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> City Tour Panorâmico pela cidade
> Show de Tango Piazzola com Jantar
> Tour de Compras nos Outlet´s Shoppings de Buenos Aires
> Visita a Feira de San Telmo
> Festa Gaúcha Santa Suzana com almoço e bebidas incluídas
> Seguro Viagem
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